A Química da Investigação Criminal
Para os apaixonados das séries policiais na TV, a importância da química na investigação criminal não é uma surpresa. Mas hoje vamos falar da ciência por detrás da ficção!
A verdade é que um cientista forense é frequentemente um químico! E isto porque a análise dos resíduos de pólvora, fios de cabelo ou vestígios de sangue podem ligar um suspeito ao local do crime. É acima de tudo um processo que utiliza as técnicas da química, os instrumentos desenvolvidos para a química e (repare bem!) os métodos de resolução de problemas dos químicos!
De facto, a moderna investigação criminal põe à prova os limites e as capacidades da chamada Química Analítica: um ramo da química que se dedica a identificar as quantidades de substâncias presentes numa amostra.
Damos um exemplo: se já leu o rótulo de uma garrafa de água para saber quantos miligramas de cálcio, sódio ou potássio essa água contem, então já usufruiu dos resultados da química analítica.
E as análises ao sangue? Química analítica, pois claro!
Os desenvolvimentos da química analítica permitem detetar a presença de substâncias em quantidades ínfimas através de uma panóplia de técnicas capazes de reconhecer as características específicas de cada substância.
Por exemplo, com a cromatografia (uma técnica que permite separar os diversos componentes de uma amostra) é possível detetar quantidades de amostra absolutamente diminutas, da ordem dos nanogramas por mililitro!
E quanto é isso? Menos do que um pacote de açúcar dissolvido numa piscina olímpica!
No caso dos metais, podemos ir 10 vezes mais longe. Utilizando uma técnica de vaporização da amostra a 10 mil graus Celsius, é possível, por exemplo, detetar a presença de um metal tóxico num fio de cabelo numa proporção equivalente a apenas um grama do metal em 4 piscinas olímpicas.
Mas o grande desafio da química analítica aplicada à investigação criminal vai para além da identificação da presença de drogas, explosivos ou venenos. Trata-se de caracterizar os materiais encontrados no local do crime e identificar a sua origem.
De facto, a composição de materiais como fragmentos de vidro, vestígios de tinta, fibras têxteis, papel ou a própria tinta usada para escrever uma carta pode fornecer pistas muito relevantes na investigação de um crime.
A utilização de técnicas analíticas combinadas permite, inclusive, identificar a origem geográfica ou a data de fabrico de muitos materiais!
E embora as populares séries de televisão exagerem por vezes as capacidades das técnicas ao alcance dos investigadores, a verdade é que o contínuo desenvolvimento da química analítica está, cada vez mais, a aproximar a realidade da ficção.
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